quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

BANDA FILARMÓNICA DE S. MAMEDE DE RIBATUA - HISTORIAL

A Região Demarcada do Douro foi delimitada por ordenação de Marquês do Pombal em 1756. Existem fontes de via oral que indicam que a Banda de Música de S. Mamede de Ribatua tenha sido fundada por essa altura, com imigrantes oriundos da Galiza para trabalharem nas terras do Douro.

A pesquisa documental nos arquivos da Banda e noutras fontes importantes, leva-nos só até à segunda metade do século XIX. Mas, por fidedigna via oral, segundo reza a história, a Banda de S. Mamede de Ribatua foi fundada em 1799 e obtém o estatuto de colectividade com actividade ininterrupta.

El-Rei D. Luís reinou entre 1861 e 1889. Certo dia, foi recebido e homenageado na cidade de Vila Real, onde decorreu um desfile de bandas em sua honra. Todos os músicos da Banda puseram em prática o seu habitual capricho e usaram especialmente calças brancas, casaco azul-marinho e um chapéu preto de aba larga, virado para cima no lado esquerdo. D. Luís, empoleirado no seu palanque, ao ver a Banda a desfilar com o seu abastado perfil, de aprumo militar, executando de forma soberba,pergunta aos seus acompanhantes que banda era aquela, mas ninguém lhe soube responder. O Rei arranjou imediatamente uma solução: De seguida e com enorme entusiasmo, D. Luís grita: “Viva a Banda dos chapéus”! A partir desse dia, a Banda ficou “Baptizada” com esse nome e manteve-o durante anos.

As datas encontradas nas muitas partituras para a Banda, copiadas e assinadas pelo maestro Joaquim Alfredo Botelho (espólio da família a que tivemos acesso) que terá dirigido a Banda pelo menos entre 1897 e 1920, comprovam também a longa história da banda.

Em 1916, a Banda designava-se de Filarmónica de S. Mamede de Ribatua e pela documentação encontrada, crê-se que esse nome venha já da sua fundação.

A 15 de Maio de 1934, filia-se na Associação dos Bombeiros Voluntários de S. Mamede de Ribatua. Surge então a designação de “Banda dos Bombeiros Voluntários de S. Mamede de Ribatua”.

A 14 de Janeiro de 1977, sob a presidência do Eng. Orlando Gaspar, deu-se inicio à construção da casa própria da Banda que entrou em funcionamento no início do ano de 1979. Orlando Gaspar cedeu gentilmente o projecto; A Câmara Municipal de Alijó, por intermédio do seu Presidente Francisco Paula Cardoso, juntamente com a Secretaria de Estado da Cultura, disponibilizaram o apoio financeiro; os músicos e a população da aldeia construíram o edifício.

No dia vinte de Agosto de 1983, junto à freguesia de Carção no Concelho de Vimioso, o autocarro que transportava a Banda despenhou-se na ponte provisória de Santulhão, no rio Sabor. Depois de tanto desespero vivido pela entreajuda, os ferimentos, alguns de gravidade, foram abundantes. Julgando-se toda a gente a salvo, alguém dá pela falta de Jaime Pinto. Recordado hoje com saudade, pelo empenho e profissionalismo exercido nos órgãos dirigentes e no seu “Fliscorne”, ficará para sempre na memória de todos.


É difícil fazer um historial completo dos maestros que passaram pela Banda ao longo de mais de dois séculos de existência. Assim, o grande bairrista Joaquim Alfredo Botelho, simultaneamente professor da Escola do Primeiro Ciclo e maestro, terá dirigido a Banda pelo menos entre 1897 e 1920. E antes de Alfredo Botelho? Infelizmente não encontrámos, até agora, documentação escrita, mas sabemos, por fidedigna via oral, da existência de dois Ribatuenses que dirigiram a Banda antes dele: trata-se do pai de um tal “Matos velho” e do pai de “Tomé velho”. O saudoso Adriano Guedes, 1º Sargento Músico e natural de S. Mamede, homem extremamente competente e organizado, ensaiava quatro vezes por semana, não admitia qualquer falta de disciplina e dirigiu a Banda em três períodos distintos: o primeiro possivelmente a partir de 1925. Foi também maestro um tal Vítor, de quem apenas se sabe que “tinha uma caligrafia musical muito bonita”, um tal Gomes, e mais outros dois maestros que morreram em S. Mamede e cujo nome se desconhece. Joaquim da Costa Chicória só esteve um ano à frente da Banda, possivelmente na época de 1935 (ou 36), tempo suficiente para deixar as marcas do seu talento de compositor: devem-se-lhe as músicas do drama “A vida de Cristo”, tantas vezes levado à cena pelo grupo de teatro de S. Mamede. De 1937 (ou 38) a 46 foi o 2º período de Adriano Guedes. A ele se seguiu o maestro Sampaio, que escreveu a rapsódia “Romarias em S. Mamede de Ribatua”. O 3º período de Adriano Guedes vai de 1948 ou 49, até pelo menos 1955, completando quase 40 anos ao serviço da Banda e ter-lhe-á sucedido um filho de Joaquim Chicória. Também o maestro Lemos passou por esta Banda, mas só por um ano. Veio depois o maestro Pinto de Almeida, que teve também uma passagem curta pela Banda. No final da década de 50 (1958?) a Banda foi dirigida, durante uns cinco ou seis anos, pelo maestro Alberto Carneiro, natural de S. Gens de Calvos (Póvoa de Lanhoso). Por volta de 1964 veio o maestro e compositor António Pedro, que escreveu para a Banda as marchas fúnebres “Almas do Purgatório” e “Passeio Macabro”. Em 1967 António Pedro é substituído pelo maestro Bastos. O jovem António Cartageno, então estudante no Seminário dos Olivais, é chamado a dirigir a Banda nesse Verão. Mais tarde volta António Pedro, que se reparte também com a Banda do Felgar (Moncorvo), pelo que, António Cartageno continua a dirigir a Banda por mais três Verões. Joaquim Lima, natural de S. Mamede, faz também uma breve passagem pela regência da Banda (1970?). António Pedro regressa de novo por algum tempo. O Ribatuense João Vieira Lopes regeu a Banda, infelizmente por pouco tempo. Aquando do acidente da Banda em 1983, era ele o maestro e por sinal foi um dos feridos mais graves, ficando a Banda sem maestro. Em 1984 entra em funções o maestro Carlos Lopes, natural de Custóias (Matosinhos), até 1987. Quem lhe sucede é novamente o maestro António Pedro. Manuel Ferreira, natural de S. Mamede de Ribatua, um excelente Fliscorne da banda, acabou por substituir António Pedro como maestro no final dos anos oitenta, até ao ano de 1993. Quando entra novamente Carlos Lopes, de 1994 até 2001. Em Outubro de 2001 ingressou como maestro Hélder Coelho natural de Lousada. Manuel Monteiro, natural do Porto, entra em funções em Outubro de 2004. José Coelho, natural de S. Mamede de Ribatua, foi maestro, de Setembro de 2005 a Setembro de 2009. Valter Palma, natural de Nogueira (Vila Real), é maestro desde Outubro de 2009.



A Banda actuou, ao longo dos tempos, em inúmeras localidades do país. Destacam-se as actuações que efectuou no festival de bandas da RTP (Sol de Verão). Da EDP em 1984 na cidade de Lamego e do INATEL em 1988 na cidade de Coimbra. Em Espanha, nas Astúrias, em 1988 numa comunidade de emigrantes portugueses e nas principais cidades de Portugal, como Lisboa, Amadora, Sintra, Coimbra, Beja, Porto, Matosinhos, Viana do Castelo, Braga, Vila do Conde entre outras…

Em 25 de Abril de 1984 recebeu a “Medalha de Prata de Mérito Municipal”.
No dia (8 de Dezembro?) de 1996 a “Medalha de Ouro de Mérito Municipal”. Sendo um ex-líbris cultural de Trás-os-Montes, é sem dúvida a embaixadora do Concelho de Alijó.

 
“Duzentos anos são motivo de grande festa!”. Em Setembro de 1999, a banda festejou o seu Bicentenário. Foi também inaugurado um “Relevo Escultórico à Banda”, da autoria do escultor Laureano Ribatua. Estiveram presentes a Banda da Força Aérea Portuguesa, a Banda de Música da Portela, a Banda de Música de Nogueira, e a Banda de Música e Rancho Folclórico de Carlão.
Em Outubro de 1999, no programa da RTP (Horizontes da Memória), o prestigiado historiador José Hermano Saraiva proferiu: “Esta é, sem sombra de dúvidas, uma das bandas mais antigas do país e talvez mesmo a mais antiga em actividade ininterrupta”.



Em Janeiro de 2000 entra em funções a direcção presidida pelo Prof. Eng. José Manuel Barros Ribeiro, que apostou na escola de música que tem “alimentado” e muito bem a banda.

Em Setembro de 2001 gravou o seu primeiro CD.

Em Agosto de 2003 foi formada a Orquestra Ligeira da banda, encontrando-se neste momento interrompida a sua actividade.

No dia 08 de Dezembro de 2004, a propósito da comemoração dos 205 anos da Banda, esteve uma equipa da RTP em S. Mamede de Ribatua, a fazer um directo para o programa Praça da Alegria, prestando um autêntico serviço público à cultura do nosso país, deixando todos os Ribatuenses orgulhosos pelos valores da sua terra!

A 19 de Março de 2006 grava também o seu primeiro DVD no Auditório Municipal de Alijó, no qual se encontra, entre outras peças, a marcha de concerto Ribatua, composta por Mário Nascimento, dedicada à Banda e às gentes de S. Mamede de Ribatua.

Em Junho de 2006, a convite dos emigrantes conterrâneos, realiza uma digressão aos Estados Unidos da América para participar nas Comemorações do 10 de Junho da Comunidade de Emigrantes Portugueses de Ossining no Estado de Nova York e Newark no estado de New Jersey, considerado um dos momentos mais altos da sua história.

Em Assembleia-geral extraordinária de 10 de Junho de 2009 são alterados significativamente os Estatutos da Associação, destacando-se a designação da Banda que passou a chamar-se Banda Filarmónica de S. Mamede de Ribatua tal e qual como em 1916. Esta alteração é um regresso às origens da Banda, como comprova uma fotografia da banda de 1916. Alteração que se deve ao facto das Associações dos Bombeiros Voluntários e da Banda se terem desligado ao longo do tempo.

A casa da Banda, passados 30 anos ao serviço da associação, esgotou a sua capacidade de utilização. Na sequência das enormes fissuras visíveis nas paredes do edifício, foi executado um parecer técnico que revelou problemas graves ao nível da segurança. Também já era incomportável para o funcionamento da escola de música, apresentando condições débeis. Assim, a 22 de Agosto de 2009, na sala de ensaio da Banda, foi assinado um protocolo entre a Banda, a Junta de Freguesia de S. Mamede de Ribatua e a Câmara Municipal de Alijó. Este protocolo, visa o apoio por parte das entidades autárquicas, à criação das novas instalações da Banda, e tem também como cláusula a obrigatoriedade da banda ceder recursos humanos e estar disponível para participar em eventos organizados pelas referidas entidades. Estiveram presentes na assinatura deste protocolo, todos os órgãos dirigentes da Banda representados pelo Presidente da Direcção João Carlos Cruz, a Junta de Freguesia de S. Mamede de Ribatua representada pelo Tesoureiro o Prof. Eng. José Manuel Barros Ribeiro e o Presidente António Manuel Moreira Taveira bem como a Câmara Municipal de Alijó, representada pelo Vereador da Cultura Luís Henrique Grácio Azevedo e o Presidente, José Artur Fontes Cascarejo.
“Duzentos e dez anos voltam a ser motivo de festa!”. Assim, a direcção em funções preparou uma Semana Cultural em S. Mamede de Ribatua, do dia 17 ao dia 22 de Agosto de 2009. O cartaz foi bastante variado. Os concertos foram realizados na esplanada do bar da Banda. As comemorações culminaram com actividades nos dias 5, 6 e 8 de Dezembro.

Actualmente, com cerca de 55 músicos, comemora sempre o seu aniversário a 08 de Dezembro. A escola de música integra algumas dezenas de alunos e todos os anos forma novos elementos para ingressarem na Banda. Para além de alunos Ribatuenses, esta escola já conta com alunos provenientes de várias localidades vizinhas, nomeadamente Castedo, Alijó, Sanfins, Granja, Cheires Pinhão e Tua.

A sua Associação tem cerca de 200 sócios, executantes e não executantes. Não é excessivo salientar que todos estes músicos que compõem a Banda, apesar de terem formação académica diversificada, desde o simples trabalhador rural aos bacharéis e licenciados nas diversas actividades, têm todos em comum a dedicação e o amor pela música.

S. Mamede de Ribatua, não há dúvidas que foi abençoada por Deus, dando às suas gentes sensibilidade, dom para a música e facilidades no seu desempenho, tal como diz um adágio antigo: “em S. Mamede, até as pedras da rua sabem tocar Música”!

Todos nós estamos orgulhosos desta Banda, com mais de dois séculos de actividade, sendo sem dúvida alguma um enorme tesouro cultural da nossa região e até do país. Assim, é dever de todos nós, preservá-la sempre que seja possível, pelo menos por mais duzentos anos!!!



Como um Regimento,



S. Mamede marcha ao som da Música.

Se esta se calasse,

S. Mamede parava!!!

(Adriano Guedes)

Actualizado em Dezembro de 2009

4 comentários:

  1. Excelente iniciativa!!!
    Tenho de dar os meus parabéns a esta magnifica banda, pois têm-nos dado muitos motivos de orgulho!!!
    Esta é a prova viva que as gentes de S.Mamede e principalmente os elementos da banda conseguem fazer coisas magnificas.
    Continuem assim, pois só dignificam o nome da NOSSA BANDA e DA NOSSA ALDEIA "FELIZ".

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  2. A minha querida e inesquecivel banda, que trago sempre, sempre no meu coração!!! O meu maior motivo de orgulho: ter feito parte de algo tão importante e especial! A banda completou-me, e fazer parte de algo tão extraordinário fez de mi m uma pessoa melhor. Muitas saudades! Beta

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  3. é um orgulho muito grande fazer parte desta magnifica banda, que sempre foi o orgulho da nossa terra.continuem assim!!! força...tenho muitas saudades...

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  4. um espectáculo é o que se pode dizer....!!é um orgulho muito grande...

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